O audiovisual brasileiro sempre foi motivo de orgulho; seja por sua resistência ou pela qualidade de suas obras. Nossa cultura, tão rica e diversa, tem sido retratada com mais potência e, com isso, amplia sua abrangência e alcança um público ainda mais plural. Para esta quinta edição do Curta na Serra, foram 596 títulos inscritos, de todas as regiões do Brasil. Entre ficções, documentários, filmes experimentais, animações e videoclipes, encontramos um recorte contemporâneo da rica produção audiovisual em nosso país.
Essa imensidão de possibilidades narrativas, que retratam diversos Brasis, deve-se muito ao desejo criativo (e resistência) de seus realizadores e realizadoras em contar nossas histórias, nossos costumes e nosso cotidiano com os mais diversos sotaques, personagens, sentimentos e reflexões. Vale destacar, mais uma vez, a presença de obras realizadas através da Lei Aldir Blanc, que abriu um leque de oportunidades para que nossas histórias seguissem sendo contadas com o compromisso de cativar, emocionar, gerar reflexões, identificação e debates, fazer sorrir, chorar e eternizar momentos únicos. Esse respiro na produção destes filmes tomou conta dos profissionais do audiovisual brasileiro e também incentivou novos realizadores e realizadoras, que foram encorajados pelas oportunidades que lhe foram apresentadas.
É isso que chamamos de pluralidade. Diversidade. São essas histórias e vivências que levam nossa identidade para todos os cantos do país e do mundo; que geram empregos, atravessam fronteiras e exportam talento e criatividade.
Entre os curtas-metragens inscritos, temas relevantes e variados apareceram nas obras. Narrativas impactantes que tratam de esperança, memória, afeto e saudade marcaram diversos filmes; além de novas mídias e perspectivas. A imaginação também atravessou esses curtas, assim como questões ambientais e políticas, feminismo, desigualdade social, racismo, homofobia, minorias, povos indígenas. O lúdico trouxe esperança e personagens carismáticos ganharam projeção com suas vivências.
Além do cinema, o videoclipe também ganha destaque na quinta edição do Curta na Serra. Não é de hoje que cantores e cantoras mesclam seus talentos musicais com vídeo. Se antes seus clipes eram apresentados sem grandes propostas narrativas, porém com certa relevância, em programas televisivos como, por exemplo, o Fantástico na década de 1980, uma outra geração foi formada pela saudosa MTV, que chegou ao Brasil no final dos anos 1990 e tornou-se um importante veículo de comunicação responsável por divulgar artistas dos mais variados gêneros e formar público. Hoje em dia, a internet (leia-se plataformas digitais e redes sociais) ampliou as possibilidades de divulgação desses trabalhos; desde artistas mais renomados até os independentes. Com isso, o mercado se abriu para essa variedade artística, ainda que seja uma batalha diária para tantos que buscam ocupar espaços já saturados pelo mais do mesmo.
Para esta edição do Curta Na Serra, pensamos em uma curadoria diversa que destaca a potente evolução da produção de curtas-metragens brasileiros, videoclipes e de seus realizadores nos últimos três anos; o impacto que estes filmes tiveram em plateias do mundo todo, a forma como dialogam com o público e a força que carregam em suas narrativas, que proporcionam diversas discussões.
Divididos em dois panoramas e mostras especiais, os títulos apresentam temáticas importantes que rendem debates necessários entre diversos gêneros. Além do entretenimento, a programação se expande para uma conversa ampla entre os selecionados e suas histórias e, com isso, pretende construir uma interação entre público e realizadores sobre o Brasil atual, a força e a importância da cultura e de políticas públicas do audiovisual, além de celebrar a potência do cinema brasileiro. O audiovisual brasileiro merece aplausos e uma plateia lotada que sente orgulho do que vê; que se identifica, que discute, que propõe, que constrói, que pensa coletivamente
No ano em que o cinema brasileiro comemora 125 anos, seguimos celebrando os profissionais do audiovisual que fazem história e espalham nossa cultura em diversos gêneros e formatos. É emocionante acompanhar o desenvolvimento dessa indústria potente e vibrante que nos enche de orgulho. Seguimos juntos!